Será que conseguimos sentir o desconforto?
Será que conseguimos sentir o desconforto? Ou nem sabemos mais o que é isso? Mediante a tantas ofertas em todos os tipos de mercado é possível ter qualquer coisa que desejar em questão de horas ou minutos. Você pensa, abre seu telefone, clica no aplicativo, o pagamento do cartão já é automático e a entrega chega na porta da sua casa. Mais uma vez, conseguimos sentir o desconforto, vazio, angústia? Também coitadinho de nós, não temos culpa da globalização está avançando cada vez mais, tudo está tão modernizando… Como vamos nos controlar? Fica difícil não se render aos desejos.
Pois é! Aí é que entra o problema. Toda vez que sentimos um pequeno desconforto, medo, angústia, que não queremos lidar naquele momento, recorremos a um prazer imediato para tapear o sentimento desconfortável. Quando o desconforto vem escolhemos algo que nos dá muito prazer. E fazemos aquilo em excesso, com intuito consciente ou inconsciente de não sentir nada naquele momento. O problema disso tudo, é que quando o prazer imediato acaba, a sensação de mal estar volta, junto a culpa, raiva, frustração assim levando à fuga novamente.
Esse comportamento vira um ciclo, se tornando um hábito e dependo do que for até mesmo um vicio. Sei que é complicado sentir esse vazio, mas não podemos ser imediatistas e viver como se a vida fosse uma corrida de 100m, exigindo a solução do problema para ontem. Temos que aprender a suportar o desconforto, descobrir da onde está vindo e assim arrumar uma maneira duradoura de lidar e não simplesmente fugir. A vida é muito longa. Por isso, temos que pensar nas coisas a longo prazo e não querer as coisas para ontem. Sentir é necessário para nossa evolução como seres humano. Pense que a vida é uma corrida de 42km. Tem que ter muita estratégia para alcançar a linha de chegada.
Por Maria Rocha, Psicologa Clínica